Muitos pais enfrentam problemas no seu relacionamento com os filhos por causa da busca de como fazer os filhos obedecerem.
Se esse é um desafio para você e é seu desejo lidar com isso de forma respeitosa e empática, continue lendo!
Nossas crenças sobre fazer os filhos obedecerem
Grande parte dos problemas de relacionamento entre pais e filhos vêm das crenças que nós temos a respeito de qual seria a forma adequada de uma criança agir.
Como já comentei em outro artigo, o nosso olhar para as situações faz toda a diferença.
Uma das crenças mais enraizadas sobre as crianças é a de que elas devem obedecer como uma parte imutável de sua natureza. Os pais devem ser obedecidos. Os filhos devem obedecer sem questionar.
E, quando “a criança não se submete às nossas vontades como gostaríamos, e não é tão submissa quanto desejávamos que fosse”, ficamos completamente irados (Gabriel Salomão)!
Na verdade, essa necessidade de obediência está ligada à ideia de SUBMISSÃO.
Nesse sentido, o pensamento que muitas vezes grita na nossa mente é que “criança não tem querer”. E quando damos ouvido a esse pensamento nos concentramos na obediência, não levamos em conta a criança em si, seus sentimentos e necessidades.
Consequentemente, não agimos com empatia e respeito e nem envolvemos a criança no processo. Apenas queremos que algo seja feito.
O resultado da obediência
O resultado disso a longo prazo é que a criança pode até “obedecer”, mas não é porque entende a necessidade ou validade daquilo e decide fazê-lo. Mas sim para agradar o outro (que no caso somos nós, mães e pais, mas no futuro serão todas as pessoas com quem ela vai se relacionar).
Percebe como, com essa forma de educar, nós estamos impedindo que nossos filhos ajam por contra própria, tenham autonomia e autoconfiança?
Como eles vão aprender a tomar boas decisões se nunca lhes damos a chance de tomá-las?
Quando insistimos na obediência, a criança faz o que mandamos porque considera que somente assim será amada, ou que se não cumprir será punida.
Então, quando estiver longe do adulto, ela não cumprirá, porque não terá ninguém olhando para aprovar ou punir.
Por isso, eu te convido a trocar a palavra “obediência” por “cooperação”, isto é, devemos incentivar nossos filhos a cooperarem!
A cooperação ao invés da obediência
Quando focamos em ensinar nosso filho a cooperar, ele terá a chance de avaliar por que ele precisa fazer as coisas, e considerar que aquilo é importante para ele também. Assim, ele desenvolve autorresponsabilidade e autodisciplina.
Ao ensinarmos cooperação, a criança faz o que tem que ser feito mesmo que você não esteja lá para cobrar dela, porque ela realmente entendeu a importância daquilo e sabe que é sua responsabilidade.
Ensinar cooperação também fornece à criança a possibilidade de pensar em soluções. E as crianças são ótimas solucionadoras de problemas! Dê a elas essa chance e não se arrependerá.
Vou te ensinar a seguir os 4 passos para conseguir cooperação. Mas fique atenta.
Se o seu objetivo ao seguir esses passos na verdade é apenas fazer os filhos obedecerem, isso não vai funcionar. Pois a criança perceberá e entenderá isso como manipulação.
Acima de tudo, você precisa verdadeiramente ter o objetivo de olhar com empatia para seu filho, respeitar suas necessidades e sentimentos com relação aquilo que precisa ser feito.
Sei que isso pode parecer bem complicado para você. Especialmente se você cresceu ouvindo que criança não tem voz, não tem querer, não sabe e não entende nada.
Porém, procure dentro de si o desejo de, a longo prazo, desenvolver em seu filho as habilidades que você espera, como: autoconfiança, autorresponsabilidade, proatividade, empatia, respeito pelas outras pessoas.
E perceba como a sua forma de educar pode ser favorável a esse aprendizado ou apenas responder ao que você deseja no momento imediato.
“Conquistar as crianças significa obter sua cooperação espontânea.” (Jane Nelsen)
Como fazer os filhos cooperarem ao invés de apenas obedecerem
Veja a seguir 3 dicas práticas para lidar melhor com a necessidade de fazer os filhos obedecerem quando alguma coisa precisa ser feita e eles não parecem dispostos a cooperar.
Dica número 1: Use os 4 passos para conseguir cooperação
1º passo:Expressar compreensão pelas ideias e sentimentos da criança/adolescente.
Mostre que você vê que talvez seja chato fazer aquela coisa, ou que ele não queira parar uma brincadeira para fazer, ou mesmo que você percebe que ele está cansado naquele momento.
2º passo: Mostre empatia, sem julgamento.
Isso não significa que você concorda ou vai dar permissão para ele agir daquela maneira, apenas significa que você compreende e respeita a percepção dele.
Exemplo: Poxa, eu sei que brincar no tablet é muito legal, e agora você precisa parar para tomar banho.
Compartilhe também momentos em que você se sente de forma semelhante:
Exemplo: Eu também acho chato quando tenho que parar de ver uma série, ou ler um livro para fazer o jantar.
Com esses dois primeiros passos, você garante que a criança está se sentido ouvida, validada. Agora ela estará muito mais disposta a te ouvir também! Passe para o 3º passo!
3º passo: Compartilhar os seus sentimentos e pensamentos, necessidades sobre aquela situação.
Exemplo: Pra mim é muito ruim chegar em casa e ver roupa sobre o sofá, sapatos espalhados pela sala. Eu me sinto exausta por ter que te lembrar de fazer isso. Eu gostaria que os copos e pratos já estivessem na pia quando eu vou lavar, porque é cansativo para mim ficar recolhendo louça pela casa.
4º passo: Convide seu filho para pensarem juntos em uma solução para que ele realize as atividades necessárias.
Motive-o a pensar numa forma respeitosa e justa de lidar com esse problema que vocês estão tendo.
Exemplo: Então, você tem alguma sugestão para a gente resolver isso? O que você poderia fazer para cumprir suas tarefas.
E esteja aberta a ouvir, pois as crianças são ótimas solucionadoras de problemas!
Se a criança disser “não sei”, vá explorando, dando sugestões, e ajudando ela a pensar em algo que ela realmente consiga cumprir. O segredo é deixá-la participar da decisão, chegando numa solução que seja viável para vocês duas.
Dica 2: Evite dar sermão
Assim como não é recomendado ficar relembrando o filho do que deve ser feito, pois isso pode despertar um instinto reativo e não trará o efeito desejado.
Nesse sentido, você pode usar uma palavra-chave ou combinar com ele um sinal verbal ou não-verbal para servir como lembrete.
Exemplos: “toalha”, “sapatos”, “prato”, ou mostrar o relógio, apontar para a cama…
Dica 3: Retome a conversa (com os “4 passos”) toda vez que os combinados “desandarem”.
Diminua suas expectativas de que “falar uma vez” é suficiente! Conviver implica em reajustes constantes. Afinal, somos todos seres humanos e nem sempre fazemos tudo que sabemos que devemos fazer.
Portanto, pense em quantas vezes você também se flagrou não cumprindo algo que você achava importante, como se alimentar de forma saudável, não procrastinar, fazer exercícios físicos regularmente, não se atrasar para algum compromisso etc.
Da mesma forma, na vida real, todos nós precisamos nos lembrar ou ser lembrados de atitudes que são positivas para nós mesmos.
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Se fazer os filhos obedecerem tem sido um desafio na sua casa, conta aqui para mim nos comentários o que você pensou ao ler este artigo! Se foi útil para você, use os botões de compartilhamento para espalhar essa ideia! 😉
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Fonte: Livro Disciplina Positiva e os cards da Disciplina Positiva para educar os filhos, ambos de Jane Nelsen.
